Caso Gabriel: família acompanha depoimento de testemunhas em audiência em Santa Maria

Lenon de Paula

Caso Gabriel: família acompanha depoimento de testemunhas em audiência em Santa Maria
Foto: Lenon de Paula (Diário)

Na tarde desta quarta-feira (12), oito testemunhas foram ouvidas em audiência do processo referente ao Caso Gabriel na sede da Auditoria Militar de Santa Maria, no Bairro Dores. Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, ficou desaparecido por uma semana após uma abordagem de policiais da Brigada Militar (BM) e foi encontrado morto no dia 19 de agosto de 2022 em um açude no interior de São Gabriel.

Neste processo, que tramita na Justiça Militar Estadual, os soldados Cleber Renato Ramos de Lima e Raul Veras Pedroso, e o sargento Arleu Júnior Cardoso Jacbosen são acusados de terem escondido o corpo de Gabriel (ocultação de cadáver) e inserir informações falsas no sistema da Brigada Militar (falsidade ideológica). Eles negam as acusações.

A audiência teve início às 13h e foi presidida pela juíza Viviane de Freitas Pereira. Elencados pelo MPRS, três PMs que serviam em São Gabriel foram ouvidos. Outro militar, tenente da BM, prestou depoimento como testemunha de defesa. Por volta das 16h, teve início o depoimento das testemunhas convocadas pela defesa do réu Arleu: um perito criminal que atuou no local do crime e o médico legista responsável pelo laudo cadavérico, ambos do Instituto-Geral de Perícias (IGP), um soldado da BM que atua em Sapiranga e uma major do 2º Regimento de Polícia Montada (2º RPMon), com sede em Santana do Livramento.

Nesta quinta-feira (13), a sessão será retomada também às 13h, quando serão ouvidas as testemunhas de defesa dos réus Cleber e Raul. Ao todo são nove testemunhas, e destas oito são PMs que atuam em São Gabriel, Santana do Livramento, Bagé e Bento Gonçalves. Após estas audiências, serão designados os interrogatórios dos réus e, então, a sessão de julgamento.

Família de Gabriel acompanha audiência

Da esq. para a dir.: a irmã Soila Inês Marques Inácio, a mãe Rosana Beatriz Machado Marques, e a avó Soilamar Pacheco da Costa. Foto: Lenon de Paula (Diário/Bei)

Rosana Beatriz Machado Marques, 48, mãe de Gabriel, comentou ao Bei sobre a tristeza de ter mandado o filho para São Gabriel para servir o Exército, e ter que vê-lo em um caixão, sem poder se despedir:

— Um guri cheio de saúde, de sonhos, partir desse jeito, dessa forma. A gente quer respostas, a gente quer saber, se foi eles, ou quem foi. Meu filho foi só pra realizar um sonho, que era servir o quartel, e tiraram isso dele. Tiraram o sonho dele, um pedaço de mim e do meu marido.

A mãe de Gabriel Marques Cavalheiro também comenta sobre a ausência e a saudade enfrentadas na Páscoa:

— Na Páscoa mesmo, a gente sentiu muita falta dele, choramos muito, dentro de casa um silêncio. Ele era a alegria da casa, e não tem mais essa alegria. A gente quer justiça, que provem quem fez isso com ele, e o que ele fez de tão errado pra baterem nele e jogarem num açude durante dias e a gente não poder se despedir.

Ao Bei, a avó do jovem Gabriel, Soilamar Pacheco da Costa, 66, conta que já sofreu várias perdas, inclusive a de um filho, de 33 anos, em um acidente de trabalho; mas que nada se compara a dor da perda do neto:

— É muito doloroso. É uma ferida que mexe tudo de novo. A gente fica a cada audiência perguntando “por quê?”. Ele (Gabriel) não merecia ter esse fim. Foi uma coisa injusta, sem motivo, tirarem a vida deles assim. Eu não sei se foi os policiais, mas tudo começou nas mãos deles.

Também acompanharam as audiências o pai de Gabriel, Anderson da Silva Cavalheiro, 40 anos, e a irmã Soila Inês Marques Inácio, 27.

Entenda o Caso

Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, ficou desaparecido por uma semana após uma abordagem de policiais da Brigada Militar (BM) e foi encontrado morto no dia 19 de agosto em um açude no interior de São Gabriel. Foto: Redes sociais

O jovem Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, desapareceu na noite do dia 12 de agosto de 2022 em São Gabriel, após ser abordado por três policiais militares. No dia 19 de agosto, o corpo do jovem foi encontrado submerso em um açude no interior do município. Os três PMs envolvidos na abordagem foram presos e respondem a processos na Justiça Militar e na Justiça comum.

No processo que tramita na Justiça Militar Estadual, os soldados Cleber Renato Ramos de Lima e Raul Veras Pedroso e o sargento Arleu Júnior Cardoso Jacbosen, respondem pelos crimes de ocultação de cadáver e falsidade ideológica. Já foram realizadas audiências em Porto Alegre, São Gabriel e em Santa Maria. 

Na última audiência, realizada em 16 de fevereiro, em São Gabriel, os réus tiveram o pedido de liberdade provisória negado pela juíza Viviane Freiras Pereira e pelos integrantes do conselho de disciplina da Brigada Militar, que estão julgando o caso. Os três seguem presos no Presídio Militar em Porto Alegre. Além da audiência, uma inspeção judicial foi realizada na barragem do Lava Pé, onde o corpo do jovem foi encontrado.

Na Justiça comum os três policiais militares são réus pelos crimes de homicídio doloso com três qualificadoras: motivo fútil, tortura e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima. A primeira audiência foi realizada em dezembro de 2022, e a mais recente ocorreu no dia 1º de março.

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